Após alguns muitos meses de ausência do salão de beleza devido a precariedade monetária, me rendi a este luxo sábado. Pudera, cortar o cabelo não é uma atividade como unha e limpeza de pele que deva ser feita em casa. Fui então me encaminhando para o salão pensando em toda atmosfera que o envonve. A estranha cumplicidade que existe entre as mulheres dentro deste ambiente, mulheres tão selvagens no mundo lá fora reduzidas ao mesmo problema: ficar mais bela. É um ambiente agradável, além de dar um tapa no visual você fica por dentro de todas as novidades do mundo da celebridade. Não tenho interesse em saber com quem a Secco tá dormindo, nem que roupa a Paes vai casar, mas esse ar de companheirismo e amizade me interessa e muito. Ao chegar uma bela surpresa, cabelereira pra um lado quieta e fechada, manicure pro outro. Picapau passando na TV e umas revistas que só interessam aos profissionais da área da beleza. Uma criança que nem parecia criança de tão entediada. Peguei uma revista pra ler, a única que parecia ser interessante. NOVA. Quer ler revista mais tendenciosa que a Veja?! Leia NOVA, o manual da mulher moderna. Como no ambiente não havia som mais alto que o cricri dos grilos e a risada infame do picapau, não titubeei e abri a primeira página. Antes de pensar que meu sábado estava metade perdido li quase que automaticamente o título de uma matéria que dava a entender como roubar namorados alheios. Atônita, mais que rapidamente me dirigi a tal matéria. A mulher se dizia uma fatal, devoradora de homens [...] Dizia ela que seu maior interesse sempre foram os comprometidos, até mesmo quando não sabia que estes eram. Fiquei curiosa em saber como tudo isso começou e continuei a ler a matéria. Começou antes mesmo de dar seu primeiro beijo, havia um menino que se interessava por ela, mas ela o achava completamente insosso. Quando descobriu que o tal menino tinha namorada, logo ele passou a ser um príncipe e ela depois de umas olhadas fisgou o rapaz da namorada. Um clássico caso de uma pessoa sem referência alguma, que precisa do olhar do outro para ditar o que lhe é agradável, desagradável, bonito, feio e até interessante. Note que antes o rapaz não lhe despertava absolutamente nada, mas se ele tinha namorada era porque algo nele havia que ela não conseguiu captar. Bem, dito isto, continuei a ler o que dizia a devoradora de homens. Dizia ela que em todos os campos da sua vida era assim, não somente no amoroso. No trabalho queria conquistar o melhor cargo, mas queria disputá-lo com alguém, queria a melhor casa da sua rua, a atenção pelos pais ao invés do irmãozinho. A grande mulher fatal sofre de complexo de inferioridade, não admite nunca perder e estar por baixo, porque realmente se sente pior que todo o lixo humano que há,. Para isso usa um mecanismo de defesa onde projeta toda sua inferioridade no outro e quer lhe ressaltar isso, mostrando o quanto é boa em tudo que faz. No campo amoroso, quer mostrar que também é melhor que a namorada pois lhe rouba o parceiro, na mesma esfera em que roubava os pais de dar atenção para o irmão. Tem caráter edípico, será sempre a mulherzinha disputando a atenção do macho dominante, não o mulherão que acredita ser. Não quis mais ler a matéria, isso me bastava. Antes, sentia raiva deste tipo de mulher, hoje sinto pena.
2 lamentos:
Também sinto pena de mulher assim.
realmente revista altamente tendenciosa !!
Todas as mulheres da revista tem orgasmos multiplos, sabem de có todas as posições do Kama Sutra e são milionárias!!!
Criando um falso modelo d felicidade !!
Mundo capitalista na sua forma mais nociva à auto-estima !!
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