A mulher fatal

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Após alguns muitos meses de ausência do salão de beleza devido a precariedade monetária, me rendi a este luxo sábado. Pudera, cortar o cabelo não é uma atividade como unha e limpeza de pele que deva ser feita em casa. Fui então me encaminhando para o salão pensando em toda atmosfera que o envonve. A estranha cumplicidade que existe entre as mulheres dentro deste ambiente, mulheres tão selvagens no mundo lá fora reduzidas ao mesmo problema: ficar mais bela. É um ambiente agradável, além de dar um tapa no visual você fica por dentro de todas as novidades do mundo da celebridade. Não tenho interesse em saber com quem a Secco tá dormindo, nem que roupa a Paes vai casar, mas esse ar de companheirismo e amizade me interessa e muito. Ao chegar uma bela surpresa, cabelereira pra um lado quieta e fechada, manicure pro outro. Picapau passando na TV e umas revistas que só interessam aos profissionais da área da beleza. Uma criança que nem parecia criança de tão entediada. Peguei uma revista pra ler, a única que parecia ser interessante. NOVA. Quer ler revista mais tendenciosa que a Veja?! Leia NOVA, o manual da mulher moderna. Como no ambiente não havia som mais alto que o cricri dos grilos e a risada infame do picapau, não titubeei e abri a primeira página. Antes de pensar que meu sábado estava metade perdido li quase que automaticamente o título de uma matéria que dava a entender como roubar namorados alheios. Atônita, mais que rapidamente me dirigi a tal matéria. A mulher se dizia uma fatal, devoradora de homens [...] Dizia ela que seu maior interesse sempre foram os comprometidos, até mesmo quando não sabia que estes eram. Fiquei curiosa em saber como tudo isso começou e continuei a ler a matéria. Começou antes mesmo de dar seu primeiro beijo, havia um menino que se interessava por ela, mas ela o achava completamente insosso. Quando descobriu que o tal menino tinha namorada, logo ele passou a ser um príncipe e ela depois de umas olhadas fisgou o rapaz da namorada. Um clássico caso de uma pessoa sem referência alguma, que precisa do olhar do outro para ditar o que lhe é agradável, desagradável, bonito, feio e até interessante. Note que antes o rapaz não lhe despertava absolutamente nada, mas se ele tinha namorada era porque algo nele havia que ela não conseguiu captar. Bem, dito isto, continuei a ler o que dizia a devoradora de homens. Dizia ela que em todos os campos da sua vida era assim, não somente no amoroso. No trabalho queria conquistar o melhor cargo, mas queria disputá-lo com alguém, queria a melhor casa da sua rua, a atenção pelos pais ao invés do irmãozinho. A grande mulher fatal sofre de complexo de inferioridade, não admite nunca perder e estar por baixo, porque realmente se sente pior que todo o lixo humano que há,. Para isso usa um mecanismo de defesa onde projeta toda sua inferioridade no outro e quer lhe ressaltar isso, mostrando o quanto é boa em tudo que faz. No campo amoroso, quer mostrar que também é melhor que a namorada pois lhe rouba o parceiro, na mesma esfera em que roubava os pais de dar atenção para o irmão. Tem caráter edípico, será sempre a mulherzinha disputando a atenção do macho dominante, não o mulherão que acredita ser. Não quis mais ler a matéria, isso me bastava. Antes, sentia raiva deste tipo de mulher, hoje sinto pena.

2 lamentos:

Anônimo disse...

Também sinto pena de mulher assim.

Emmanuel Feliphy disse...

realmente revista altamente tendenciosa !!
Todas as mulheres da revista tem orgasmos multiplos, sabem de có todas as posições do Kama Sutra e são milionárias!!!
Criando um falso modelo d felicidade !!
Mundo capitalista na sua forma mais nociva à auto-estima !!